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quinta-feira, 28 de maio de 2009

SENDO

Tenho uma tremenda necessidade de “ soar”, porque como pessoa exercer meu verbo é a tônica da existência. Gosto desta coisa de refletir sobre a relação sentido-significado. O que é afinal ser “pessoa”, senão o espaço do exercício do próprio som? “ Soar” é a conjugação verbal do ser (pessoa - per - sona) que tomo a liberdade de assim destrinchar. Soar é o exercício ( para soar?) daquele que, num diapasão determinado, compõem sua pauta, organizando as notas musicais na escala que é o mundo. Este exercício nos permite, entre dó e o si, em bemol ou sustenido, nas infinitas organizações possíveis, manifestar a ânima - afinal, a existência  não é aquilo que anima, que manifesta a vida? Alguns têm a ânima em andamento Largo, enquanto outros seguem num Vivace, ou mesmo num Prestíssimo. O Maestoso não é a opção de todos, pois há os que vivem em compasso Appassionato ou Con brio, Grazioso, Cantábile, Scherzando ou Con fuoco e Brillante.

Os gregos (em grego prósopon = máscara e personagem ) e os latinos (latina persona = máscara e personagem (indivíduo, pessoa, ser humano)) podem ter vinculado a máscara à per/sona, (cujo significado tem origem no o ato ou efeito de o ator, mediante uma abertura na máscara ao redor  da boca, representar pelo som de sua voz, uma personagem) porque o animal irracional (a “ razão não é uma construção filogenética e ontogenética?) deixa de ser irracional, mas jamais de ser animal.Assim, a " humanidade" ( humanização) é uma máscara utilizada pelo animal racional. Esta me parece uma hipótese bastante razoável para o sentido de persona como “máscara” dado pelos gregos. A per-sona/gem, é apenas o diapasão no qual soa o animal racionalizado.

Augusto Boal disse que o mundo é o palco sobre/com o qual construímos nossas per/sona/gens, pois, afinal, todos desempenhamos papéis socialmente construídos.

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