Nada tenho de meu!
O corpo que me serve é do tempo.
A pele que me veste é do tempo.
A roupa que utilizo,
natural ou sintética,
Veio e vai para natureza.
A personalidade que utilizo
foi construída pela educação e pelos trancos e barrancos da vida.
A família, coordenada sindética da relação de viver,
Não é minha.
É do mundo, por preferência de ação educativa.
Sobra a massa cinzenta que me anima os dias,
Que me turva as noites,
E que por livre arbítrio da química e dos conteúdos
dos quais me alimento
Traça roteiros próprios.
Para ela não há controle remoto do qual possa me servir.
Nossa relação - desequilibrada, pois ela tem autonomia sobre as emoções - é de dominador-dominado.
Com relutância de sua parte, minha vontade prevalece no controle do que faço.
Ela domina as emoções, mas eu controlo as ações.
E me resta ainda a essência, essa coisa indefinida...
É ela quem me coloca no gênero humano e racional.
E o Pneuma , que flui e vivifica, passando a ideia de que há algo mais entre o céu e a terra do que conhecem as nossas vãs filosofias.
Assim, nada tenho de meu!
Como matéria sou cópia de outros,
Como Pessoa sou construção coletiva, com opção de ação conquistada pelo desenvolvimento da reflexão própria.
Como unidade na diversidade sou igual e diferente.
Por isso, só dou os passos que quero, nas direções que escolho.
E, em meio as dúvidas naturais que alimentam meus dias,
me resta uma certeza:
A de que tenho autonomia para pensar,
O que me torna responsável por minhas escolhas, boas ou más.(dibs., 19/junho/2021).
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